ENTREVISTA - BEATRIZ REGINA LIMA DE MELLO
"É possível rejeitar o jeitinho brasileiro de levar vantagem. Se alguém leva vantagem, outro leva prejuízo. Não temos de pensar somente na gente, mas no próximo também. Pode-se corrigir atitudes negativas"
sra. concorda que grande parte do eleitoral é corruptível?
Com certeza. A gente sabe que, infelizmente, existe uma cultura de aceitação disso. Esse projeto, no entanto, não está visando especificamente a questão da corrupção eleitoral. Nesse sentido é até complicado trabalhar essa questão este ano, porque acaba havendo uma mistura. Pode deixar a impressão de que o Ministério Público quer, às vezes, atingir candidatos e agentes públicos e políticos. Não é nossa intenção. Queremos provocar, de forma paulatina, uma transformação social. Esperamos chegar a isso com o passar do tempo. No entanto, estando em um ano eleitoral, se chegarem denúncias concretas, obviamente que serão investigadas e apuradas. As denúncias não podem ser anônimas. É necessário que a pessoa que, eventualmente, for fazer a denúncia se identifique, mas o sigilo do nome pode ser resguardado. Como não pára por aqui, denominamos o projeto de movimento. Esperamos que as pessoas tomem consciência e se dêem as mãos, mesmo nos pequenos atos. A gente tem corrigir o outro e também se corrigir. Por exemplo: aquele que pegou um troco a mais tem de devolvê-lo. É preciso rejeitar o famoso jeitinho brasileiro de levar vantagem. Se alguém leva vantagem, alguém está levando algum prejuízo. Não temos que pensar somente na gente, mas no próximo também. Por mais que seja ínfimo o valor, por menor que seja a atitude, há um reflexo negativo se a atitude for negativa.