terça-feira, 9 de março de 2010

OS DEUSES DO OSCAR

Ao fazer uma leitura mais atenta da mitologia greco-romana, percebi que ela nos mostra um mundo de fantasia, aventuras, intrigas, romances, prazeres e que, no meu entendimento, não diferencia muito da vida dos artistas (cantores, atores, celebridades) da modernidade. Na mitologia grega, existiam centenas de deuses, e estes, frequentemente se encontravam no monte Olimpo. Durante os encontros era realizada uma enorme festa. Não só durante os encontros, mas todos eles (os deuses) viviam em paraísos de riquezas, luxos e prazeres inimagináveis. Naquele tempo, conta a mitologia, alguns “privilegiados” mortais podiam subir ao monte Olimpo e se deliciar com vida de sonhos daqueles Deuses. A meta era sempre reproduzir um tipo de situação, um tipo de privilégio, que os simples mortais não poderiam nem sequer imaginar poder existir, muito menos participar. Séculos depois, já na idade média, as cortes substituíram o Monte Olimpo pelos belos castelos luxuosos. Lá, em meio a tanto ouro, parques maravilhosos, fontes de água cristalinas, salas de jogos e salões de bailes, reproduzia-se uma situação semelhante a dos deuses. Naquele tempo, a Igreja também era adepta dessas “pomposidades” reais. Para o povo daquele tempo, uma festa na corte era a reprodução da vida do céu na terra. Já para a plebe, sobrava apenas tentar reproduzir a vida do inferno aqui na terra.

No dias de hoje, a pomposa festa do Oscar, surge justamente para ocupar o espaço deixado pela mitologia, pelas bacanais festas romanas e as grandes folias das antigas cortes. Em Hollywood, porém, são os deuses de carne e osso, as divindades da moderna sociedade que vive do entretenimento. São eles, os artistas de cinema e cantores a nova nobreza da sociedade. São eles os novos deuses e deusas dignos de admiração ou de repúdio. As atividades deles, bem vistas ou não, são vasculhadas na internet e em centenas de revistas sensacionalistas, os seus amores, seus gostos e seus gastos são constantemente expostos em reportagens chamativas, num interesse que não difere muito dos antigos mortais pelas suas divindades do Olimpo. Para mim, o Oscar é então, a consagração final dos novos deuses, a noite em que os “astros” desfilam perante aos seus súditos no enorme tapete vermelho. São tantas as coincidências, que estima-se que os deuses olímpicos eram 6 mil, ou seja, é a mesma lotação do auditório Hollywoodiano, onde os prêmios são concedidos. Da mesma forma do antigo Olimpo, alguns poucos mortais também são convidados a participar desta festança. Mas não se anime em pensar que eles são admirados, pois a noite do grande prêmio é essencialmente uma cerimônia dos “seres sobrenaturais” do cinema. Antigamente eles também chegavam em belas charretes, todas bem detalhadas/trabalhadas em ouro, hoje, eles chegam em limusines, trajando chamativas ou escandalosas roupas, ostentando jóias raríssimas e especiais para a ocasião. Mas a principal diferença entre eles, porém, é que os deuses que habitavam o Olimpo eram “imortais”, já os do cinema, são apenas divindades descartáveis, utilizáveis momentaneamente. Dentro de algum tempo, a maioria deles não serão mais lembrados, serão todos consumidos pela incrível capacidade humana de consumir e consumir...

Mário Sérgio Melo Xavier
www.dnoto.blogspot.com


Fonte de informações: http://www.tiosam.net/enciclopedia