sexta-feira, 27 de novembro de 2009

MORTE

PARTIMOS DO INFINITO PARA O FINITO

Ressalto que o meu pensamento aqui exposto, não foi feito para contestar nenhum tipo de crença e nem é inspirado em doutrinas religiosas. Se existe algo parecido, apenas coincidem com as reflexões pessoais aqui escritas.

Resolvi escrever sobre um assunto que muita gente não gosta de conversar e nem mesmo pensar, já outras se sentem tranqüilas em tratar do assunto. Esse misterioso acontecimento é algo que tem invadido minha mente ultimamente, talvez pela seqüência de acontecimentos envolvendo pessoas próximas e conhecidas. Minha reflexão quanto ao significado da vida aqui na terra ainda não está totalmente formada, mas tenho algumas intuições que compartilharei aqui com vocês... Até porque, o sentido específico para um acontecimento tão misterioso, já teve milhares de interpretações a partir dos primeiros vestígios da existência “humana”. Essas indagações sobre a morte vão de encontro, por exemplo, ao que sabiamente afirmou Montaigne: “Quem ensinasse os homens a morrer os ensinaria a viver”. Tratar a morte como algo natural é difícil para nós, portanto, indagar sobre um acontecimento inexplicável é sempre um desafio para o ser humano.

Longe de mim querer aqui ensinar ou confortar alguém com a morte, mas na minha simplória concepção, nós somos apenas grãos de poeira que se movem nesse “infinito universo” material. Digo que o plano material é infinito porque o homem não conhece e nem conhecerá onde começa e onde termina o seu próprio universo. Quando nós partimos (morremos), o universo passa a se tornar “finito” e agente deixa de ser apenas aqueles meros grãos de areia perdidos no espaço. Podemos encontrar mais ou menos o mesmo pensamento em Eclesiastes 12:7, onde nos diz que é isto o que acontece no fim da vida física: "O pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu". Para mim a morte, assim como a sombra, nos acompanha diariamente e ela não deve ser temida e principalmente não pode ser “enganada”. Eu mesmo dialogo com ela diariamente, algumas vezes tento até enganá-la, mas... Conversar com ela é a mesma coisa que dialogar com um espelho, enganando ela você engana a si mesmo. Algo parecido com o que diz o mestre Fernando Pessoa: “O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela.”

Penso que somente nos momentos de oração e prece que agente se distancia um pouco da morte, pois neste momento nós nos elevamos ao plano “finito”, ou seja, imaterial. Mesmo plano que algumas pessoas preferem chamar de céu ou paraíso, mas sempre como se fosse algo longe e infinito, portanto inverso ao que algumas pessoas pensam, onde a vida material que seria o plano finito. O mais interessante que acho é que quando retornamos ao mundo dos “grãos de poeira” (nosso), depois de uma meditação (oração, reza, transe), percebemos de imediato que os nossos sentidos ficam por demais aguçados, sentimos o vento, o calor, o frio, de uma forma mais intensa e é possível até mesmo sentir o ar que respiramos entrando em atrito com as veias pulmonares. Voltamos mais fortalecidos desse processo e isso acaba nos mantendo mais tempo aqui. De outro modo, não vejo a morte como algo que seja mensurável, se ela é boa ou ruim, se é justa ou injusta, por exemplo, apenas sinto que ela está diariamente presente, lado a lado, como se fosse nossa própria sombra.



Ficar um pouco longe dela (a morte) por alguns instantes, através do que já foi dito, além de nos trazer para vida material sempre mais fortalecidos, nos deixa em posição confortável em relação a morte. Os fatores sociais (externos) e genéticos (internos) do plano infinito, por exemplo, agem naturalmente contra a nossa vida material a cada milésimo de segundo, algumas vezes mais rapidamente em alguns, outras vezes com certo tempo em outros, mas o certo é que só nos manteremos vivos se soubermos conviver com a morte. A oração, a meditação, a reflexão e a prece, ou qualquer que seja o nome dado à prática diária de se afastar da morte, deve ser exercida diariamente para que nós possamos nos preparar melhor quando partirmos do infinito para o finito.



Mário Sérgio Melo Xavier
Blog: www.dnoto.blogspot.com