segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O que esperar dos novos prefeitos eleitos ?


A primeira coisa a esperar dos novos prefeitos, ou dos antigos que conseguiram renovar o mandato, é que gostem de “ser prefeitos”. Político que ganha uma prefeitura é tentado a pensar que prefeitura é pouco para seus talentos e merecimentos. Seria apenas uma escala na viagem, o purgatório a aturar antes de galgar ao céu de governo estadual ou no mínimo às delícias de uma deputação ou uma senatoria.

A segunda coisa a esperar, decorrente da primeira, é que permaneçam no cargo até o fim do mandato. Político está sempre pensando no próximo lance, como se sabe. Aliás, mais do que político, o analista político está sempre pensando no próximo lance. Mais se viu na imprensa artigos sobre o efeito do resultado da eleição municipal no quadro partidário ou na eleição estadual do que naquilo que interessa, ou seja: na cidade. O político, manipulado pelo analista político, tende a ser tomado pela volúpia de querer mais, e com tal urgência que no meio do mandato já deixa o município para tentar a sorte num âmbito maior.

A terceira coisa a esperar dos prefeitos é que se dêem bem com os governadores. Esse item é dedicado em especial (talvez se devesse dizer em exclusividade) aos prefeitos da Palmas e de minha cidade Dianópolis. Uma capital estadual, ou qualquer outra cidade, é lugar pequeno demais para abrigar um prefeito e um governador com turmas e ambições divergentes, e, quanto maior e mais importante for o município, menor será para esse fim. Os espaços de atuação do prefeito de uma cidade e do governador são tão próximos que às vezes se confundem. Movem-se, um e outro, a um passo do curto-circuito. A hostilidade entre ambos, tão comum na história brasileira, pode resultar fatal para as cidades como o bombardeio por uma força inimiga.

A quarta coisa talvez seja a mais utópica, mas vá lá: Espera-se dos prefeitos que não tenham como horizonte apenas seus quatro (ou oito) anos de mandato. Político gosta é de inaugurar, e se não tem a inauguração ao alcance do mandato tende a pensar duas vezes antes de iniciar as empreitadas e projetos. Esse é um dos motivos pelos quais as cidades tocantinenses estão tão atrasadas.

Mário Sérgio Mello Xavier, 28 anos
Site: WWW.envergaduramoral.com.br

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