quarta-feira, 19 de agosto de 2009

RELEMBRAR É SEMPRE BOM !



JABOR, Arnaldo. Pornopolítica: Paixões e taras na vida brasileira. In: JABOR, Arnaldo. Finalmente vemos a cara suja do Brasil. Rio de Janeiro. Editora Objetiva, 2006, pp. 83-86.
IDENTIFICAÇÃO DO AUTOR

Arnaldo Jabor é Carioca nascido em 1940, cineasta e jornalista Arnaldo Jabor já foi técnico de som, crítico de teatro, roteirista e diretor de curtas e longas metragens. Na década de 90, por força das circunstâncias ditadas pelo governo Fernando Collor de Mello, que sucateou a produção cinematográfica nacional, Jabor foi obrigado a procurar novos rumos e encontrou no jornalismo o seu ganha-pão. Estreou como colunista de O Globo no final de 1995 e mais tarde levou para a TV Globo, no Jornal Nacional e no Bom Dia Brasil, o estilo irônico com que comenta os fatos da atualidade brasileira.

RESUMO

Em Finalmente vemos a cara suja do Brasil, Jabor produziu uma crônica irônica e debochante do escândalo do mensalão que envolveu políticos, esposas de políticos, empresários, e o povo que assistiu pela TV todo o melodrama. Jabor narra os gestos de um deputado, dignos de um ator hollywoodiano. Define todo o caso como um “sarapatel” entre o amor, o sexo, o publico e o privado.

ANÁLISE DO AUTOR

O autor demonstra claramente certa desilusão quanto ao quadro político brasileiro, uma visão pessimista do futuro político diante dos inúmeros fatos que eclodiram no congresso e senado no ano de 2006. “Não sei o que vai nos acontecer. Ninguém Sabe. Mas aprendemos muito sobre o Brasil com essa crise” (P. 83). Os eventos ficaram mais conhecidos como o Mensalão, malas de dinheiro e até dinheiro escondido na cueca. O autor utiliza-se de ironias e metáforas para explicar o cínico comportamento dos políticos envolvidos nos fatos corruptos, principalmente diante da televisão, fato que para ele, sempre deixa o povo acomodado, querendo apenas acompanhar imagens e não se dedicar aos estudos sociais e políticos. O autor faz uma narração irônica de um fato que foi gravado pela televisão, onde flagraram um assessor político recebendo propina. Trata de forma séria e com um tom de deboche os gestos, as caras e bocas feitas pelo protagonista principal dos fatos daquela época, o então Deputado Federal Roberto Jefferson. “Seus biquinhos, suas mãos ondulantes, suas pausas dramáticas....ahhh...suas pausas que poucos autores ousariam...(P.84)” o Texto retrata bem a hipocrisia do denunciante (Jefferson) que tentava safar-se apontando o dedo para os demais companheiros. Utilizando-se de metáforas irônicas quando fala de alguns envolvidos no episódio: Marcos Valério, Genoino, Delúbio, Ex-mulher de Waldemar (Maria Cristina), José Janene. Compara Jefferson com PC Farias e cita a endinheiradas estatais que estavam entregues nas mãos de afilhados e filhos de autoridades. Não mede palavras para esculachar e execrar a atitude dos senhores deputados. Debocha dos fatos e contra fatos que cercearam o escândalo do mensalão. Coloca o caso mensalão, entre outros já ocorridos e digeridos pela opinião pública, como a mais suja e porca situação de uma instituição. Como já diz o título do livro (Pornopolítica), o autor trata de todo o ocorrido, utilizando-se, vez ou outra, de certas palavras que alguns jornalistas talvez preferissem ocultar, como: “a calcinha aparecendo”, “ as coxas da loura ao lado de Severino”, “e sua imensa mulher ogra esperando-o em casa com o cacete na mão?”, “diarréia”, “prisão de ventre”, “engrenagem latrinária (P.85). Fica evidente o emocional do autor durante o texto e tudo isso é repassado para quem o lê. O autor consegue aliar um tema público ao universo de nossas taras e raivas interiores diante dessa corrupção instituída nas esfera públicas.

CONCLUSÃO

Na minha opinião, o caso mensalão, como ficou conhecido mundialmente, é tratado com certa ironia no texto, mas demonstra que mesmo tendo sido escrito em 2006, o texto ainda hoje serviria como base crítica para acontecidos do presente. O caso nada mais é que mais uma dessas alegorias da cultura brasileira, um carnaval que chega cheio de barulho, entusiasmo, bagunça e gritaria, mas que ao fim, predomina-se o silêncio, a ressaca o gasto e a dívida para pagar. Assim como autor, enxergo com certo pessimismo a situação do nosso ordenamento pátrio. Não se vê buscar a moralidade e honestidade e a cada escândalo os foguetes estouram, anuncia-se tudo, mas nada acontece. Somando-se a isso, temos um povo que não quer saber de seu passado, não reflete seu presente e é totalmente despreocupado com seu futuro. Já o político, este sim se preocupa com o seu passado, está sempre atento ao presente e a todo o momento antecipa o seu futuro.


Mário Sérgio Melo Xavier
Acadêmico do Curso de História – 1º período - Noturno
Campus Universitário de Porto Nacional

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