quinta-feira, 17 de abril de 2008

Editorial

O que falar dos "Inimigos"...
Nossa condição não é muito favorável aqui neste mundo. Não podemos nos dar ao luxo de não amar. Não podemos simplesmente dar de ombros e dizer: “Isso não é comigo”. O amor aos inimigos é uma necessidade vital pelo simples fato de que eu também sou inimigo de alguém nesse momento. Alguém, nesse momento, me tem como adversário. Ou por algo que disse ou por algo que fiz ou deixei de fazer.
E se nós tivéssemos que pagar ri-go-ro-sa-men-te por todas nossas falhas? Se todas as pessoas de quem falamos mal (muitas vezes caluniosamente), se todos que ferimos, magoamos, ignoramos; se todos eles abrissem um processo na Justiça contra nós. Agora, expandindo o mesmo raciocínio, imaginemos o que seria se todo mundo processasse todo mundo. Não haveria cadeia suficiente. Pior: não haveria quem estivesse apto a julgar, condenar e executar nenhuma sentença. Todos seriam réus em algum processo. A vida em sociedade seria inviável.Geralmente pensamos nos inimigos como pessoas pelas quais sentimos (ou que sentem por nós) ódio mortal e até costumamos dizer: não tenho inimigos, sou amigo de todo mundo.
Com certeza você conhece uma ou mais pessoas que falam mal de você por onde vão. Temos que nos lembrar que nós também devemos aos outros. Falamos mal dos outros, tomamos emprestado e não devolvemos, faltamos com o respeito, nos omitimos, amamos de menos, cobramos demais. Se é justo cobrar é justo ser cobrado. “Com a medida que julgarmos seremos julgados”. Estaríamos prontos para devolver tudo o que devemos?É incômodo sofrer a injustiça, certo? Claro. “Não é justo! Não é justo” dizemos quando o professor se nega a receber um trabalho fora do prazo. “Não é justo” – bradamos quando do guarda do banco não nos deixa entrar 1 minuto após o encerramento do expediente. Será que temos uma correta noção do que é justiça? Do que realmente é justiça?
Façamos uma abstração: imagine a situação em que Deus lhe ofereça a chance de escolher dentre duas alternativas. A primeira: viver pela Graça. Ou seja, você deve agradar aquele que o aborrece, perdoar seu inimigo e fazer o bem aos que são injustos com você. E você receberá de Deus o perdão incondicional de todos os seus delitos. A segunda: viver pela Justiça. Ou seja, se o cão do vizinho defecou no seu jardim, se o colega de trabalho puxou seu tapete e tomou-lhe o cargo, se você foi esbofeteado numa face, nada de dar a outra. Nada de recolher calado a caca do cachorro, nem sorrir para o colega ordinário. Punição para todos! Indenização e retratação pública. Tudo como manda a lei. Gostou? O ônus: Você tem o dever de ser perfeito. Tudo o que disser ou fizer poderá ser usado contra você num tribunal. Já dizia Gandhi: Olho por olho e todos acabarão cegos...
Mário Sérgio

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