terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Lampião e Maria Bonita


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Nascido em 1898, no Sítio Passagem das Pedras, em Serra Talhada, Pernambuco, Virgolino Ferreira da Silva viria a transformar-se no mais lendário fora-da-lei do Brasil. O cangaço nasceu no Nordeste em meados do século 18, através de José Gomes, conhecido como Cabeleira, mas só iria se tornar mais conhecido, como movimento marginal e até dando margem a amplos estudos sociais, após o surgimento, em 1920, do cangaçeiro Lampião, ou seja, o próprio Virgolino Ferreira da Silva.


Ele entrou para o cangaço junto com dois irmãos, após o assassinato do pai. Com 1,79m de altura, cabelos longos, forte e muito inteligente, logo Virgolino começou a sobressair-se no mundo do cangaço, acabou formando seu próprio bando e tornou-se símbolo e lenda das histórias do cangaço. Tem muitas lendas a respeito do apelido Lampião, mas a mais divulgada é que alguns companheiros ao ver o cano do fuzil de Virgolino até vermelho, após tantos tiros trocados com a volante (polícia), disseram que parecia um lampião. E o apelido ficou e o jovem Virgolino transformou-se em Lampião, o Rei do Cangaço. Mas ele gostava mesmo era de ser chamado de Capitão Virgolino. Lampião era praticamente cego do olho direito e andava manquejando, por conta de um tiro que levou no pé direito.


Destemido, comandava invasões a sítios, fazendas e até cidades. Os ataques às fazendas de cana-de-açúcar levaram produtores e governos estaduais a investir em grupos militares e paramilitares. Em agosto de 1930, o Governo da Bahia espalhou um cartaz oferecendo uma recompensa de 50 contos de réis (mais ou menos R$200 mil) para quem entregasse, de qualquer modo, o famigerado Lampião. Foram 20 anos de cangaço e necessários oito anos de perseguições e confrontos pela caatinga até que ele e seu bando fossem mortos. Mas as histórias e curiosidades sobre essa fascinante figura continuam vivas. Muitas delas fazem referência ao respeito e zelo que Lampião tinha pelos mais velhos e pelos pobres.

Criado com mais sete irmãos - três mulheres e quatro homens -, Lampião sabia ler e escrever, tocava sanfona, fazia poesias, usava perfume francês, costurava e era habilidoso com o couro. Era ele quem fazia seus próprios chapéus e alpercatas (sandálias). Também enfeitar roupas, chapéus e até armas com espelhos, moedas de ouro, estrelas e medalhas foi invenção de Lampião, como o uso de anéis, luvas e perneiras. Armas, cantis e acessórios eram transpassados pelo pescoço. Daí o nome cangaço, que vem de canga, peça de madeira utilizada para prender o boi ao carro. Em 1927, após uma malograda tentativa de invadir a cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, Lampião e seu bando fugiram para a região que fica entre os estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Bahia.

O objetivo era usar, a favor do grupo, a legislação da época, que proibia a polícia de um estado de agir além de suas fronteiras. Assim, Lampião circulava pelos quatro estados, de acordo com a aproximação das forças policiais. Numa dessas fugas, foi para o Raso da Catarina, na Bahia, região onde a caatinga é uma das mais secas e inóspitas do Brasil. Em suas andanças, chegou ao povoado de Santa Brígida, onde vivia Maria Bonita, a primeira mulher a fazer parte de um grupo de cangaceiros. A novidade abriu espaço para que outras mulheres fossem aceitas no bando e outros casais surgiram, como Corisco e Dadá e Zé Sereno e Sila. Mas nenhum tornou-se tão célebre quanto Lampião e Maria Bonita. Dessa união nasceu Expedita Ferreira, filha única do lendário casal. Logo que nasceu, foi entregue pelo pai a um casal que já tinha onze filhos. Durante os cinco anos e nove meses que viveu até a morte dos pais, só foi visitada por Lampião e Maria Bonita três vezes.

Dona Expedita lembra que tinha pavor das armas que os pais usavam e também que o pai era muito carinhoso com ela. Ela hoje está com mais de 70 anos e vive com a filha, a jornalista Vera Ferreira, em Aracaju, capital de Sergipe, Estado onde Lampião e Maria Bonita fooram mortos. Na madrugada de 28 de julho de 1938, o sol ainda não tinha nascido quando os estampidos ecoaram na Grota do Angico, na margem sergipana do Rio São Francisco. Depois de uma longa noite de tocaia, 48 soldados da polícia de Alagoas avançaram contra um bando de 35 cangaceiros. Apanhados de surpresa - muitos ainda dormiam -, eles não tiveram chance. Combateram por apenas 15 minutos. Entre os onze mortos, o mais temido personagem que já cruzou os sertões do Nordeste: Lampião!