terça-feira, 1 de abril de 2008

Editorial


O dia 1º de abril já não é mais o mesmo !

A mentira já foi mais autêntica, mais verdadeira, no sentido de que as pessoas a levavam mais a sério. Antigamente mentir estava associado ao pecado, ao que era errado, ao que era feio. Não faz tanto tempo assim, podem acreditar, a única mentira que tinha, digamos, aceitação popular, era a de que mentir fazia crescer o nariz, tal como nas histórias de Pinóquio.

Mas o tempo foi passando, e com ele vieram mudanças. Algumas positivas e outras negativas. Mudanças de todo tipo. Mudanças de ordem tecnológica, de caráter científico, de crenças e valores, de caráter e de comportamento...


Hoje, a mentira anda solta, ganhou não só a aceitação e o reconhecimento de todos, como sua própria liberdade plena. Está em quase todos os lugares. E não se admite, contra ela, qualquer ato discriminatório. A menos que se comprove a veracidade da mentira. A lei assim estabelece: o ônus da prova cabe, agora, a quem oferece a denúncia.


Ela está cada vez mais especializada. Para cada situação, na verdade, há uma mentira específica, mais adequada. Mentir passou a ser obra de arte. Não é para qualquer um. É preciso muito talento para mentir. E muita cara de pau. Aliás, este é paradoxo perfeito, pois estão usando a mentira com o mesmo material de que era feito o Pinóquio, o boneco de madeira que ensinava às crianças que mentir era pecado, era feio e fazia o nariz crescer.


Atualmente usa-se a mentira até para dizer “meias verdades”. Quando um político, por exemplo, diz que não possui, em seu nome, qualquer conta bancária em paraísos fiscais, ele, em parte, está falando a verdade. A conta pode estar em nome de outra pessoa, embora o dinheiro lhe pertença. É uma mentira de fato, mas é uma verdade de direito. Até que se prove o contrário, o mentiroso poderá vir a ser reeleito, ganhar imunidade parlamentar, fórum especial de Justiça e, nunca mais, ouviremos falar deste assunto.


Nesse caso, atualmente derrubou-se aquela tese de que mentiras tem pernas curtas...Elas são longas, tão extensas, que chegam a beirar o infinito!

Mário Sérgio

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