quinta-feira, 13 de março de 2008

Editorial

A UNIVERSIDADE PÚBLICA ESTÁ EM EXTINÇÃO

Estive lendo sobre o último Censo da Educação Superior, divulgado no final do ano passado, que mostra um número que está preocupando, e muito, a grande maioria dos jovens que almejam ter um curso superior no futuro. O documento aponta que 88% das universidades brasileiras são privadas, onde estudam sete em cada dez universitários do país.


Isso quer dizer que as vagas nas universidades públicas não crescem na mesma proporção do número de habitantes no país. No Brasil, fazer um bom curso de graça fica cada dia mais difícil para os menos afortunados, até porque para entrar numa universidade pública é preciso que o aluno esteja bem capacitado, isto é, ter cursado escolas e cursinhos de primeira linha. Uma verdadeira apartação social. Os testes de uma Federal e a imensa concorrência comprovam esta tese.

O crédito educativo em grande parte virou moeda política. Pessoas com médias condições são as que mais sofrem com isso, pois amargam uma fila há mais de ano. Bolsa parcial? Somente se o cara fechar a sua micro-empresa, com baixa comprovada ou, se a esposa, que é professora primária, for exonerada do serviço público.

E o “custo benefício” desses cursos caríssimos, que não vejo ninguém falando. Os pais preferem ficar iludidos com o velho dizer: “Conhecimento ninguém tira meu filho! “Vale à pena investir em educação!”. Quando o universitário sai da faculdade, ele não vai encontra moleza e sim um dura realidade, onde o conhecimento nem sempre será o fator determinante. Um exemplo é que se uma jovem recém-formada em Fisioterapia sair à procura de emprego, poderá ter surpresas desagradáveis, encontrando um mercado tímido até nos grandes centros. Se achar uma vaga, poderá receber mais ou menos 600 reais de salário mensal, por um curso que pagou mais de mil todo mês.

Na minha opinião, todos os governantes (principalmente Lula), pecaram e pecam, em expandir o financiamento aos estudantes com a ampliação do antigo crédito educativo, dando bolsas para universidade pagas. Isso apesar de aparentemente ser uma política voltada para facilitar o ingresso de alunos carentes no ensino superior, nada mais é do que uma forma de subsidiar com recursos públicos o lucro privado com o “balcão de negócios” do ensino superior. É um negócio pra lá de bom, visto que além de ser mais uma bolsa geradora de votos, o dinheiro público investido em faculdades privadas, pode gerar o velho financiamento de campanhas eleitorais.

As universidades públicas estão entrando em extinção e elas vêem sendo sistematicamente sucateadas. O problema, obviamente, possui como culpado quem governa o Estado. Agora, como supra afirmado, o culpado seria apenas o governo? Claro que Não! Por experiência, sei apontar aqui outros culpados: Os professores, seus reitores e os próprios alunos. A culpa de um não exime a culpa de outros. Se os alunos vão para a universidade pensando apenas em ter diploma, temos, então, um problema com quem estamos selecionando para entrar.

No Brasil, o diploma é visto como passaporte para um concurso de nível superior. A situação, eu sei bem, não é muito diferente no resto do país. Se os professores dão aula de qualquer jeito e usam a universidade como um enorme sindicato, temos um problema com quem a gente coloca lá como professor.

Se o reitor usa a universidade como meio político, temos, então, um problema com o reitor. A universidade deveria, sim, ser administrada por quem tem idéias e não por políticos. Os reitores que passam pela a UFT que os digam.

Mário Sérgio
www.dnoto.blogspot.com

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