quarta-feira, 15 de abril de 2009

Editorial

MEU ÚLTIMO SUSPIRO

Tenho me perguntado muito se não está na hora ou pelo menos chegando à hora de o povo voltar às ruas. Lançar seu último grito. Parece que quanto mais piora, mais somos vendados. É como a morte, antigamente se alguém falasse em morte o povo logo se benzia. Agora os jornais fazem tanta questão de mostrar tragédias que até fazemos piadas com chacinas e coisas do tipo.

Somos o que está sendo mostrado ou somos o que realmente somos? O que se vê é um bando de magrinhas de progressiva, calça corsário de batinha mascando chiclete, um bando de maconheiro de calça caindo, todos fortões e boné...O brasileiro não é mais um povo guerreiro, não é mais um povo feliz por natureza, não é mais o povo que não desistem nunca. Está chegando a hora de tirarmos as fantasias, de pararmos de ser felizes apenas em quatro dias. É tempo de a farinha deixar de ser pouca e ter pirão pra todo mundo, tudo que se planta no BRASIL tem que dá, por que o clima é tropical, mas limpar a terra é preciso, pois só tem brotado maus exemplos.

Na roça desta nação, as chuvas que tem caído são de lama, a cerca está com a banda podre, o arado se arrasta nas filas, parece que o sol só brilha para uma minoria e o povo, sem leite, tem dado sua carne viva. Os jovens apenas preocupados com quem vão dormir está noite ou quantas “vodkas ices” vão beber, os idosos preocupados se a pensão vai sair ou não, se vão agüentar a fila ou morrer ali mesmo. O povão imaginando se o ônibus vai parar ou deixá-los no ponto, seguem a viagem pensando em como ganhar mais dinheiro, nem que seja passando um por cima um do outro, assediando e tratando como cão seus funcionários e as crianças, assim o povo segue sem rumo.

Este é o futuro de uma nação que assiste e lê corrupção, acompanham cambalachos nas tele-novelas, fazem o que querem da vida, até mesmo espernear, gritar e bater no rosto da própria mãe. No fascínio do tele-marketing, de redondo só a bola de neve de dívidas que vamos nos metendo, de boa, só à quantidade de dinheiro que os políticos vão roubando. Amigos de verdade? Somente aqueles que “podem” fazer algo por nós.

As festas hoje só são boas se proporem irregularidades e nesta somos convidados todos os dias, embora role muita grana, continuamos sendo pobres e somos sempre convidados a permanecer na porta, na porta da justiça social, na porta do reconhecimento, na porta da admissão, na porta dos desesperados. Ninguém paga pra agente ficar assim, recebem pra gente ficar assim, recebem nossos tributos, recebem cantadas dos chefes, recebem armas, drogas, propostas de dar um "jeitinho brasileiro", propostas de um cargo, mas tem que ser parente.

Estamos vivendo em uma grande pátria desrespeitada, desimportante no instante em que nos calamos, no instante em que saímos pela noite sem responsabilidade, no instante em que somos homens apenas entre quatro paredes de um motel, no instante em que enfiamos um dedo na urna e o pensamento está lá no bar da esquina. Pátria de um terrível contra-senso no instante em que odiamos político, mas somos governados por eles, no instante em que você acaba de ler este texto e fala assim: “- É um texto bonito, mas é apenas mais um texto, não tem jeito!


Mário Sérgio
www.envergaduramoral.com.br

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